Sou e, até onde minha memória alcança, sempre fui pouco dado a devaneios. (...) Nada de paisagens, espaços abissais, mágico crescimento e metamorfose de edificações, nada que lembrasse, por remoto que fosse, um drama ou uma parábola. O outro mundo ao qual a mescalina me conduzira não era o mundo das visões; ele existia naquilo que eu podia ver com meus olhos abertos. A grande transformação se dava no reino dos fatos objetivos. O que tinha acontecido a meu universo subjetivo era coisa que, relativamente, pouco importava.
Aldous Huxley.
(The Doors of Percepetion)
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5 Pitacos:
Acho q tou precisando de uma dose de mescalina pra entender esse texto. li duas vezes e ainda tenho dúvidas...me explica, é meu português ou sou burra mesmo???
Quero ler. Fiquei curiosa. Mas ontem comprei o homem duplicado. Já leu? O velho e bom Saramago.
Besos.
Com todo o prazer.
Mas deixa ver se eu consigo. O que vou dizer vai além do texto, mas acho q é melhor assim. O que ele fala aí, trocando em miúdos, é que a mescalina, ou a psilocibina que é o princípio ativo do peiote, não fez com que ele tivesse uma idéia diferente das coisas. As coisas continuaram as mesmas. O que mudou foi a percepção. A nível organico mesmo. mas principalmente visual. Só que a partir dessa nova percepção artificialmente adquirida ele pode entender muuuuita coisa do mundo real. ai meu deus será que to conseguindo? por exemplo, ele entendeu porque os vitrais nas igrejas, porque as pedras preciosas nos altares, porque as cores luminosas são indutoras de visões, porque a gama de cores que vemos é um luxo biológico pouco aproveitado, porque william blake tinha dito "se as portas da percepção fossem limpas tudo se mostraria ao homem como realmente é: infinito." Enfim, o cara ficou lá horas olhando um jarro de flores com o olhar inocente da criança. Olhar que vamos perdendo por causa de uma válvula redutora que temos no cérebro que só deixa passar informações necessárias para nossa sobrevivência e perpetuação da espécie. bom, mas isso já outro assunto :)
depois a gente fala mais.
Nossa! Muuuuito legal! Adorei a sua explicação e agradeço pelo tempo q vc tomou. É realmente muito interessante essa coisa da percepção. Agora fiquei curiosíssima de ler o livro. E mais, vc conseguiu explicar tão bem q minha memória acordou, e acabo de lembrar q já ouvi falar desse livro numa matéria q fiz de História da Arte e q chamava «Percepção visual da obra de arte». Claro q se falou de Blake, de Huxley, mas tb de mil outras coisas fascinantes q implicam modificações naturais (acidentes, psicoses, doenças mentais) ou artificiais (drogas) da percepção visual. Nesse último caso é q vimos quantidade de artistas q tomavam drogas em busca de outro nível de sensibilidade, de outra «visão» do mundo, pq no fundo é um pouco disso q se trata, né. Adorei! Quero mais! Beijo ;)
Karái, vou ter que ler esse livro agora. Foi esse que o Jim Morrinson leu né? boa, Paulão, boa.
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